domingo, 16 de dezembro de 2012

FÓSSEIS DE ERA - Precâmbrico



O Precâmbrico corresponde a um enorme intervalo da história da Terra. Está dividido em três períodos que compreendem o Hadaico, o Arcaico e o Proterozóico.

Quadro 2 – O Precâmbrico.
Fonte: Evolução 2008/2009 (2º Semestre), Centro de Estudos Geológicos, FCT UNL, João Pais, 2009.

A rocha mais antiga
A formação rochosa mais antiga data de há 3960 milhões de anos e ocorre no Canadá.
As rochas formadas no início da Terra terão sido nessa altura, ou mesmo posteriormente recicladas pelo manto, uma vez que a Terra era 2 a 3 vezes mais quente que na atualidade. Isto implicava um acelerar nas correntes de convecção do manto e como tal uma maior reciclagem do material à superfície do planeta.
Um outro fator a ter em conta é o efeito do impacto dos meteoros. Sabe-se hoje que o nosso planeta entre os 4,2 e os 3,9 mil milhões de anos sofreu um enorme bombardeamento por parte de asteróides, os mesmos que deixaram as conhecidas crateras lunares.
Assim, julga-se que as formações rochosas de uma crusta jovem teriam sido derretidas e destruídas pelos enormes impactos. A litosfera foi sem dúvida fraturada e enormes quantidades de lava teriam assim atingido a superfície.
Claramente se percebe que registos desta época são quase impossíveis de obter e que muito do conhecimento desta época é puramente especulativo. Será que pode mesmo ser considerada uma divisão do nosso tempo geológico? Fornece pelo menos o início do nosso calendário apesar das suas fronteiras serem de algum modo vagas. (Pais, 2009).

Hadaico (4600-3800 Ma)
O Hadaico não é um período geológico verdadeiro. Nenhuma rocha é tão antiga, à excepção dos meteoritos. Durante o Hadaico, o sistema solar estava a formar-se provavelmente dentro de uma nuvem de gás e poeira em torno do Sol.
A solidificação do material derretido (protoplanetas) aconteceu enquanto a Terra arrefeceu. Os meteoritos mais velhos e as rochas lunares têm aproximadamente 4500 Ma, mas a rocha mais velha da Terra conhecida actualmente tem 3800 Ma. Por algum tempo durante 800 Ma da sua história, a superfície da Terra mudou do estado líquido para o sólido. Começou assim a história geológica da Terra. Isto aconteceu provavelmente antes provavelmente antes dos 3800 Ma, mas não existem hoje evidências desse facto. A erosão e a tectónica de placas destruíram provavelmente todas as rochas mais antigas. A rocha mais antiga que se conhece na actualidade no nosso planeta é do Arcaico (Pais, 2009).

O aparecimento da vida
O mais simples elemento que pode ser considerado vivo teve que desenvolver uma complexa agregação “ordenada” de moléculas. Estas, como é óbvio, não deixam qualquer vestígio fóssil.
Apesar de ser bastante possível que a “vida” tenha surgido por mais que uma vez, há bons argumentos para aceitarmos que todos os organismos que conhecemos tenham todos a mesma origem e assim tenham surgido todos com base num ancestral comum. Todos os organismos partilham características muito peculiares. Por exemplo, a universalidade (com pequenas excepções) do código genético como a maquinaria da síntese proteica é outra das características que implicam uma origem monofilética dos organismos.

Arcaico (3800 - 2500 Ma)
A vida surgiu durante o Arcaico. Os fósseis mais antigos têm aproximadamente 3,5 biliões de anos e são constituídos por estromatólitos (bactérias e cianobactérias). De facto, toda a vida com mais de um bilião de anos era composta exclusivamente por bactérias. Os estromatólitos são estruturas biosedimentares  em que o sedimento foi aprisionado ou precipitado por acção de cianobactérias ou bactérias autotróficas em águas pouco profundas. Foram abundantes durante o Arcaico mas atualmente são raros (Pais, 2009).

Figura 1 – Estromatólitos do Precâmbrico

Proterozóico (2500 - 544 Ma)
Ao passarmos do Arcaico para o Proterozóico a natureza dos registos fósseis muda muito pouco. Somente se continuam a encontrar com alguma frequência os estromatólitos. Parece que o ritmo da evolução continua lento.
Apesar da extrema raridade de registos fósseis desta época, parece ser agora que surgem as primeiras células eucariótas primitivas.

Figura 2 - Fóssil de bactéria ancestral.

Os eucariótas possuem um núcleo celular e reproduzem-se por mitose e meiose em contraste com a simples divisão celular das células procariótas. O advento da reprodução sexual foi provavelmente o passo mais importante de todos e presumivelmente terá ocorrido há cerca de 1000 milhões de anos. Esta datação é razoavelmente suportada pelos fósseis datados de 900 Ma encontrados em Bitter Springs na Austrália que aparentemente apresentam divisões meióticas em curso.(Pais, 2009).
Foi estabelecido na atualidade que o aparecimento de organismos multicelulares terá ocorrido no Proterozóico (Pais, 2009). Sucessões proterozóicas de variados locais com cerca de 900 - 1000 Ma revelam estruturas únicas que deixam impressões semelhantes a algas multicelulares.
A primeira evidência dos primeiros metazoa animais é apenas indireta e pode ser vista como o frequente fenómeno de bioturvação em sedimentos móveis tipicamente efetuado por organismos bentónicos ( animais que vivem associados ao sedimento, quer marinho, quer de águas interiores) que escavam galerias no sedimento. Só posteriormente surgiram animais maiores e com estruturas duras que permitiram a sua preservação durante o processo de fossilização. Foram recentemente descobertos na China registos de animais semelhantes a anelídeos com cerca de 700 - 900 Ma.
O aumento da velocidade nos próximos passos evolutivos pode ser observado nos 100-200 Ma seguintes através da observação da chamada fauna de Ediacaria (Ediacara é o nome de uma região da Austrália onde ocorrem os mais antigos fósseis de metazoários, aqueles com células organizadas em tecidos e órgãos (www2.igc.usp.br/replicas/ediacara.htm)) que contém uma grande variedade de metazoa. Estes podem ser vistos como ancestrais da enorme diversidade que surgiu no Câmbrico (Pais, 2009).

Quadro 3 -  Acontecimentos do Precâmbrico.
Fonte: Centro de Estudos Geológicos, FCT, UNL, João Pais, 2009.

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