Ao
conjunto de fenómenos físicos, químicos e biológicos que permitem a formação de
fósseis dá-se o nome de fossilização.
Condições
de fossilização
A - Inerentes ao Meio
Para
que a fossilização seja possível, é necessário que, após a morte do ser vivo,
se forme um depósito sobre ele, o qual, isolando-o do ambiente, impeça a sua
destruição.
É
por este motivo que os fósseis relativos a seres terrestres são muito mais
raros que os fósseis marinhos ou lacustres.
A
fossilização depende, também, da qualidade do depósito - quanto mais fino e
impermeável este for, mais fácil será a fossilização; um depósito grosseiro e
permeável, pelo contrário dificulta a fossilização.
As
temperaturas médias e a humidade, ao facilitarem as acções microbianas,
dificultam a formação de fósseis; pelo contrário as temperaturas próximas de 0º,
ao impedirem essas acções favorecem-na.
B - Inerentes ao Ser
A
fossilização é tanto mais fácil quanto mais rico for o ser em substâncias
minerais: sílica, sais de cálcio, etc.
Os
ossos, os dentes, as conchas, etc., fornecem os melhores fósseis; pelo
contrário, as unhas, os chifres, os pêlos, as penas, etc., raramente se
conservam, e as partes moles só em casos muito excepcionais deixaram impressões
reconhecíveis (Guimarães, 1962).
Tipos
de fossilização
1
- Conservação (total ou parcial) -
São exemplos de conservação total os mamutes encontrados nos gelos da Sibéria e
os insetos englobados em âmbar (resina fóssil). Estes casos são, porém, raros,
sendo muito mais frequentes os casos de conservação parcial: peças
esqueléticas, dentes, conchas, etc. (Guimarães, 1962).
Figura 1:Lyuba O
Fóssil de Mamute mais bem preservado do mundo.
Fonte: http://www.dn.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=2411377,
consultado em 2-12-2012.
A
imagem da figura 1, mostra um filhote de mamute que morreu há 42000 anos, tendo ficado preservado no gelo permanente da Sibéria. Foi encontrado em 2007 por um
criador de renas e recebeu o nome de Lyuba.
2
- Mineralização - Neste tipo de
fossilização, o cadáver é substituído por uma substância mineral.
Por
vezes, esta substituição é feita partícula a partícula e a estrutura do ser
fica perfeitamente conservada, sendo, até possível fazer preparações
histológicas que podem ser estudadas do mesmo modo que os seres atuais.
As
substâncias minerais que, com mais frequência, substituem as do ser são a
sílica, a calcite, a pirite, óxidos de ferro, etc., e podem ser trazidas até
ele por águas de circulação subterrânea.
Figura 2: Tronco
petrificado. De uma floresta de coníferas do Pérmico, no Arizona, Estados
Unidos.
Fonte: http://www.1000dias.com/ana/floresta-petrificada/,
consultado em 02-12-2012.
3
- Incrustação - Consiste na
deposição sobre o ser (animal ou vegetal) de uma substância mineral,
precipitada da água de onde estava dissolvida.
4
- Moldagem - Neste tipo de
fossilização, o cadáver desaparece totalmente, mas deixa na rocha um molde -
molde externo.
Por
vezes, a impressão externa do ser apresenta-se em relevo constituindo, então,
um contramolde do molde externo.
Figura3 – Molde
externo de concha de gastrópode Turritella.
Miocénico, Albufeira.
Fonte: http://webpages.fc.ul.pt/~cmsilva/Paleotemas/Moldagem/Moldagem.htm,
consultado em 13-12-2012.
Quando
se trata duma formação oca, por exemplo uma concha, pode originar-se, pelo seu
preenchimento, um molde interno.
Os
moldes internos reproduzem a estrutura de partes ocas do ser, permitindo, muitas
vezes, a observação de particularidades anatómicas não observáveis com outros
tipos de fossilização.
Figura 4 – Moldes
internos de conchas de gastrópodes Turritella,
Miocénico, Almada.
Fonte: http://webpages.fc.ul.pt/~cmsilva/Paleotemas/Moldagem/Moldagem.htm,
consultado em 13-12-2012.
5
- Incarbonização - Consiste no
enriquecimento em carbono da matéria orgânica do ser.
Embora
possa atingir os animais, é contudo mais frequente nos vegetais.
As
turfas antigas, os lignitos, a hulha e o antracito são fósseis vegetais.
Figura5
– Sequência de grau crescente de diagénese e de incarbonização: Turfa – Lenhite
– Hulh – Antracite.
Fonte:
http://estudante-de-biogeo-11.blogspot.pt/2009/03/classificacao-das-rochas-sedimentares.html,
consultado em 13-12-2012.
6
– Impressão - Por vezes o ser deixa
nos sedimentos
apenas uma impressão - pegada, resto, marca de folhas, de asa, etc.
Pegadas de gigantescos sáurios podem ser encontradas nos
calcários do Cabo Mondego e em Sintra, por exemplo.
Figura 6 – Pegadas
de Dinossauro em Sintra.
Fonte: http://actividadesonline.blogspot.pt/2010/07/candidatura-iberica-das-pistas-de.html,
consultado em 13-12-2012.
7
– Ninhos de fósseis
Por
vezes, em determinados pontos de uma formação sedimentar, encontram-se fósseis em
grande quantidade, constituindo os chamados ninhos de fósseis.
Estes
"ninhos de fósseis" revelam, quase sempre, o rápido aniquilamento de
grande número de indivíduos, devido a causas físicas ou biológicas: variação do
estado de pureza, salinidade ou temperatura do meio aquoso; erupção submarina,
emanação hidrotermal, etc.
Em
certos casos porém, estes ninhos de fósseis explicam-se facilmente pelo
"habitat" dos seres fossilizados - seres construtores de recifes, por
exemplo.
Importância
geológica dos fósseis - fósseis característicos ou estratigráficos e fósseis de
fácies
As
floras e as faunas têm-se modificado através dos tempos. Por este motivo, os
fósseis têm valor cronológico, permitindo datar os terrenos em que se
encontram.
Sendo
os seres a que dizem respeito os fósseis contemporâneos da formação destes
terrenos, pode-se concluir que "são da mesma idade os estratos que contêm
os mesmos fósseis".
Nem
todos os fósseis porém, servem para determinar a idade relativa dos estratos;
apenas os chamados fósseis característicos ou estratigráficos, isto é, aqueles
que correspondem a indivíduos pertencentes a grupos de curta longevidade
relativa, de grande área de dispersão e de fácil fossilização.
Também
têm muita importância os fósseis de fácies, os quais dão indicações sobre as
condições em que se formaram os terrenos nos quais estão inseridos e sobre as
variações climáticas verificadas através dos tempos geológicos.
Fácies
Dá-se
o nome de fácies duma formação
geológica antiga ao conjunto dos seus caracteres litológicos e paleontológicos
que revelam as condições em que esta formação se constitui.
Podemos
considerar dois grandes tipos de fácies: os terrestres (continentais e insulares) e os marinhos.
Os
principais fácies terrestres são: o vulcânico, o eólico, o glaciário, o
fluvial, o lacustre e, estabelecendo a transição para os marinhos, o de
estuário e o lagunar.
Quanto
aos fácies marinhos, os principais são: o litoral, o nerítico e o abissal.
Os
fácies vulcânico, eólico e glaciário são fáceis de caracterizar sob o ponto de
vista litológico, no entanto são pobres em fósseis.
No
fácies lacustres, os fósseis predominantes são os dos seres de água doce ou
anfíbios.
Os
fácies de estuário têm, assim como os lagunares, faunas mistas ou de água
salobra.
Na
região litoral, abundam as conchas, sendo em grande número as de animais que
viviam fixados.
Na
região nerítica, ainda iluminada (a luz penetra até cerca de 150m) e batida
pelas ondas, podem aparecer fósseis vegetais (algas calcárias) e as conchas
nela encontradas são fortes. É, ainda, a região dos recifes coralinos.
A
região batial (zona batial ou andar batial - ecossistema dos fundos marinhos
localizados no talude continental. Esta região pertence à zona afótica)
apresenta condições de vida muito diversas da anterior. Os caracteres
paleontológicos dos seus sedimentos, são, consequentemente, diferentes. As
conchas são mais finas, não aparecem fósseis vegetais, nem de animais
herbívoros.
Quanto
à região abissal, não se conhecem depósitos emersos, que com certeza se possam
considerar abissais.
Estes
depósitos designados por sedimentos pelágicos são constituídos,
fundamentalmente por vasas calcárias (de foraminíferos) e siliciosas (de
radiolários e diatomáceas) e, ainda, pela "argila vermelha dos grandes
fundos".
Os
bons fósseis de fácies são os dos seres que só viveram em meios bem
determinados. Os seres sedentários dão, em regra, bons fósseis de fácies.
Bibliografia:
“Lições de Geologia (para o 7º ano liceal), Natércia Guimarães e Augusto
Medina, Porto Editora, Lda., 1962.
Webgrafia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%B3ssi
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