domingo, 16 de dezembro de 2012

ESPECIAÇÃO



Especiação é o processo evolutivo através do qual as espécies se formam. Este processo pode ser uma transformação gradual de uma espécie noutra (anagénese) ou pela divisão de uma espécie em duas por cladogénese. Há quatro modos principais de especiação: a especiação alopátrica, simpátrica, parapátrica e peripátrica. A especiação pode também ser induzida artificialmente, através de cruzamentos seleccionados ou experiências laboratoriais.

Espécies e Especiação
A definição do conceito de espécie, em Biologia é essencialmente operacional: uma espécie é um grupo de seres vivos que são capazes de se reproduzir entre si, gerando descendência saudável e fértil, pois o seu material genético é semelhante e compatível.
O conceito de especiação remete para um processo que decorre ao longo do tempo produzindo alterações numa espécie que a transformam numa noutra (anagénese) ou através do qual uma espécie diverge para se tornar em outras duas ou mais espécies (cladogénese).
Se uma espécie se fragmentar em grupos que permaneçam isolados durante o tempo suficiente (variável consoante a espécie), então essas populações podem vir a acumular alterações genéticas que impossibilitem voltarem a gerar descendência saudável e fértil no caso de voltarem a reunir-se. Foi o caso dos tentilhões observados por Darwin nas ilhas Galápagos, onde o isolamento geográfico os conduziu a uma diferenciação, observável sobretudo ao nível do tamanho e dos bicos (https://sites.google.com/site/pensaraevolucao/museu-virtual-da-evolucao/atrio-de-entrada/evolucao/idade-da-terra/os-fosseis/especiacao, Dezembro 2012).
Figura 1 - Diferentes espécies de tentilhões

As principais causas de especiação devem-se ao isolamento geográfico ou à redução do fluxo genético.
A especiação artificial vem comprovar os resultados obtidos na natureza. Diane Dodd demonstrou, através de experiências laboratoriais, como o isolamento reprodutivo pode desenvolver preferências para o acasalamento nas Drosophila pseudoobscura (mosca da fruta) após apenas oito gerações. Para tal, usou diferentes tipos de alimentação: maltose e amido.

Figura 2 - Especiação artificial, em laboratório

Tipos de especiação
A especiação ocorre sob condições diversas, mas geralmente o motivo é o isolamento de membros da mesma espécie. Considera-se que existem quatro tipos de especiação que apontam para as explicações mais prováveis para a sua ocorrência:


Figura 3 - Tipos de especiação
consultado dia 30-11-2012.

1)   Na especiação alopátrica, a existência de fronteiras geográficas reais obrigam as espécies a separarem-se fisicamente. Um rio ou uma cordilheira, por exemplo, podem causar a divergência de uma espécie.
Os tentilhões das Galápagos são exemplo da especiação alopátrica.
2)   Na especiação parapátrica, uma espécie espalha-se em áreas grandes com ambientes diversificados. Determinados conjuntos de indivíduos adaptam-se a essas novas áreas e, gradualmente, as espécies tornam-se distintas. Não há uma característica geográfica definida que os separe, podendo tornar-se espécies distintas simplesmente por causa da distância entre os grupos.
3)   A especiação peripátrica ocorre quando um pequeno grupo se isola do núcleo principal da espécie. Como esse grupo é apenas uma pequena parte da população total da espécie, todas as diferenças genéticas que tornam a espécie robusta podem estar ausentes. Isso constitui o que os biólogos denominam “efeito de gargalo”. Assim, alguns dos genes que fluem habitualmente dentro de uma espécie foram eliminados e separados do conjunto genético. No efeito evolucionário de gargalo, uma pequena população consegue produzir gerações subsequentes.

Figura 4 - Efeito gargalo de garrafa (bottleneck).

É possível que um grupo dê início a uma nova população, mas pode haver repercussões provenientes do efeito de gargalo. Os genes presentes nessa pequena população ficarão fortes, pois o fluxo genético é muito maior do que seria em uma população maior, na qual as diferenças genéticas, incluindo anormalidades, estão disseminadas: tal é denominado “efeito fundador”. Os genes dos membros fundadores daquela que acaba por se tornar uma grande população tornam-se muito mais frequentes do que em populações maiores semelhantes.

Figura 5 - Efeito Fundador
consultado em 06-12-2012.

4)   No caso da especiação simpátrica, os membros de uma espécie continuam a viver lado a lado, mas separados em espécies diferentes. A redução do fluxo genético ocorre, não devido a barreiras geográficas, mas a outros factores.
Por exemplo, alguns insectos alimentam-se e reproduzem-se utilizando um só tipo de fruta. Se alguns membros dessa espécie experimentarem outro tipo de fruta, os descendentes podem ser ensinados para utilizarem aquela fruta também. Se isso acontecer, os membros da espécie poderão dividir-se em dois grupos distintos, apenas com base na alimentação.

Figura6 -  Especiação simpátrica.

Como resultado da especiação a Terra é povoada por milhões de espécies, cada uma adaptada para viver num ambiente específico, utilizando os recursos de uma região.
Figura7: Irradiação adaptativa dos mamíferos.

Há muitos indícios de que a evolução dos grandes grupos de seres vivos foi possível a partir de um grupo ancestral cujos membros, através do processo de especiação, possibilitam o surgimento de espécies relacionadas. Assim, a partir de uma espécie inicial, pequenos grupos iniciaram a conquista de novos ambientes, sofrendo uma adaptação que lhes possibilitou a sobrevivência nesses meios. Desse modo teriam surgido novas espécies que em muitas características apresentavam semelhanças com espécies relacionadas e com a ancestral. Este fenómeno evolutivo é conhecido como Irradiação Adaptativa. (www.unificado.com.br, Colégio Leonardo da Vinci, Professora Ivone Fonseca, consultado em 2-12-2012).

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